Ainda um pouco tonta,de tanto vinho e conversa da noite anterior,um pouco desconfortavél e apreensiva,desperto em uma manhã deliciosa com um vento forte zumbindo no ouvido,e um friozinho de aconchego,me deparo com um dia de preguiça,me pego sonhando acordada,e pensando em tarefas que eu deveria ou poderia fazer,penso em como está meu filho em sua primeira viagem sem mim,nas estripulias,nas atividades que está descobrindo,penso em como bebemos ontem,em como comemos,e em como foi bom!Penso também em querer ficar deitada,sem fazer nada ,sem ser incomodada,sonhando com coisas boas,pensando em historias vividas e as que tenho para viver.
Ainda com rímel,e lápis borrado,com o cabelo bagunçado ,nua e aérea,eu ainda era sábado!
De repente ,levanto-me quase que por obrigatoriedade,e pego o precioso livro que comprei também no dia anterior,olho para ele ,lembro-me de pensar na paz que sinto no momento,que casaria perfeitamente com a leitura que estava prestes a fazer,logo penso em bem-estar!
Em meio a pensamentos variados e a confusão mental que uma amiga me propôs tão generosamente,começo a folhear o livro "Mil dias em Veneza" e logo sou arrebatada,me apaixono perdidamente por Fernando (personagem do livro),leio mais que ansiosa cada palavra italiana,devoro as páginas como se eu fosse a protagonista vivendo cada emoção,desejo tão intensamente que Fernando estivesse aqui comigo agora...
Leio com prazer as palavras de Marlena,sinto intensamente o romance,ele já se tornou meu.E não mais que de repente,quero registrar isso,um impulso que me segue há anos,apresenta-se fortemente,e eu paro por um instante a deliciosa leitura e ponho-me a detalhar sensações e fatos.
Easy like a sunday Morning,se encaixou perfeitamente,a paz e a calmaria dessa manhã é absurdamente prazerosa e indescritível.
E após todo esse impulso,volto a lê-lo não menos entusiasmada,tão deslumbrada,sonhando com o meu Peter Sellers.
E uma frase me intriga..."Eu sempre quis alguém que cantasse para mim,hoje descobri que o que mais quero é cantar para você"!

Era tão despretensioso,desprendido de tudo que não lhe acrescentasse à alma,visionário e não menos que de repente "tão desinteressante"..Inevitavelmente tornou-se um mais,uma passagem,uma brisa que jamais chegaria a ser uma ventania,tornou-se um numeral,e quanto potencial lhe foi proposto.!
Já era noite,quis desaparecer meio as luzes,que me cercavam,não provava mais do meu entusiasmo,nem mesmo ele antes tão prazeroso pode me salvar daquele abismo onde eu caía lentamente enquanto ele me introduzia sua nova versão.
Nem fonte de inspiração,nem mais de ilusão,nada mais poderia me ofertar que não o que todos podem,em toda sua imensidão não havia um ponto a mais de diferencial,nem brilho,nem toque..eu não o queria mais pra mim!